quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Entrevista com Bonde do Maluco

O ‘Bonde do Maluco’, banda conhecida pela música ‘Não chore’, grava seu primeiro DVD nessa quarta e quinta, 20 e 21, em Aracaju. O primeiro dia será apenas para convidados. Os ingressos para a quinta-feira, 21, estão sendo vendidos antecipadamente na Loja Imperador pelo preço de R$ 15, na hora do show custará R$ 20. Para falar do show e do sucesso da banda, que tem apenas seis meses de estrada, o Portal Infonet conversou com Dan Ventura, vocalista e compositor do hit que foi o mais tocado no carnaval 2008.

Portal infonet – Por que gravar o DVD em Aracaju?

Dan Ventura – Sergipe foi um dos poucos Estados que nós tocamos, devido a agenda da banda. Então resolvemos lançar para o Brasil um dos estados onde nós temos um grande número de fãs. Vamos fazer o DVD aqui para mostrar que o Nordeste é rico em alegria.

Infonet – Qual novidade vocês estão trazendo para o show?

Dan – O show é completamente diferente do que as pessoas já viram, mas com as músicas que o pessoal gosta de ouvir. Tem três músicas inéditas, e no DVD essa vai ser a segunda parte do show. A primeira foi gravada durante o carnaval de Juazeiro em cima do trio elétrico. O trio arrastando com mais de 100 mil pessoas atrás, ficou muito lindo. O DVD vai ficar dividido entre Sergipe e Bahia

Infonet – Como vocês encaram o sucesso repentino?

Dan – A gente não encara, porque se parar pra pensar fica maluco. A gente procura fazer o que mais gosta que é música, que sempre lutamos pra chegar nesse patamar, e graças a Deus conseguimos. Eu sei que estou fazendo sucesso porque já faz um tempo que não vou pra casa. Tem show nos sete dias da semana (risos).

Infonet – Por que fazer uma versão da música Don't Matter, do Akon?

Dan – Na verdade não foi uma versão. O Billy X chegou lá em casa com a música do Akon pra gente realmente fazer uma versão, só que eu sou muito preguiçoso aí falei: Ô Billy, eu tô com preguiça então vou tirar dessa música o que acho de melhor. Que é o ‘ô ô ô’ e o ‘nobodi wanna see me dieuou’. Eu não sei nem como falar inglês. (risos), A parte do rap foi minha, então a música se tornou híbrida. Eu só mantive o refrão, e coloquei a pegada arrocha, que o Akon tem que rebolar muito ainda pra aprender.

Infonet – Como vocês encaram a pirataria?

Dan – É uma faca de dois gumes. Por um lado é chato porque deixamos de ganhar dinheiro pela gravação. Mas por outro tem gente que sobrevive disso, que sustenta suas famílias com isso. E pra gente é propaganda. Então a pirataria ajuda e atrapalha. Acho que se o governo botasse o disco mais barato em vez das pessoas piratearem poderiam agir em conjunto com as gravadoras, sendo revendedores. O que não dá é a população pagar R$20 por um disco.

Infonet – Fale um pouco do início de sua carreira na música.

Dan - Comecei com 16 anos, fui baixista, guitarrista, tecladista, e trabalhei em estúdio. A minha primeira banda como vocal foi a ‘Novo Tom’, que estourou com a música ‘Tapinha na Bundinha’ e ‘Chora guitarra que eu quero arrochar’, que são composições minhas. Depois fiz a banda ‘Toque novo’, da qual era diretor, quando compus o ‘Piriripompom’. Foi nessa época que eu conheci e dei o nome da ‘Ninjas do Arrocha’, banda daqui de Sergipe. Depois disso comecei a cantar na ‘Tom a mais’ que virou ‘Bonde do Maluco’ com a chegada do Billy X.

Infonet - Como foi a gravação do primeiro CD?

Dan – O produtor da nossa gravadora me apresentou ao Billy X (o outro vocalista da banda) há seis meses e nós ficamos num estúdio uma semana. Foi o tempo de compor todas as músicas e gravar o CD.
Por Ben-Hur Correia e Carla Sousa

Breve História da Banda

A banda surgiu da idéia do produtor musical Orlando Barros de juntar Dan Ventura, que já havia emplacado o hit "Piriripompom" no carnaval de 2007, com o paulista Billy X, que vinha da praia do Hip Hop. Somando a isso as referências do pagode do Axé e até mesmo Jazz, o som resultante foi algo totalmente original.

O seu disco de estréia, lançado no final de 2007 está cravejado de jóias. O primeiro sucesso foi "Não Vale Mais Chorar por ele", versão da música "Don't Matter" do rapper Akon que causou tanto que Ivete Sangalo, do alto do seu Trio Elétrico no carnaval de 2008, a cantou no tradicional momento em que se traveste de Piriguete Sangalo e canta algum sucesso alheio. Dan Ventura certa vez afirmou que sua versão é melhor que a original e que o negão americano teria que rebolar muito para chegar em seu nível. E eu concordo com o descarado. É claro que não faltaram imbecis que tomaram a parte pelo todo e devido ao simples fato da música ser uma versão de um hit gringo e descartaram o resto do disco. E que resto!

Destacar algumas músicas é uma tarefa ingrata, mas como tem gente que limpa fossas, vamos lá. Com uma introdução emulando uma voz infantil, "Cadê os Cachaçeiros" fazem a alegria da criançada, que responde um coro no refrão, "tão tudo dormindo, tão lá no cabaré", sem nem se tocarem do deprave da coisa. Meus filhos adoram. Na "Bichinhas do Arrocha" os quatros vocalistas interpretam bichonas numa performance teatral que é de chorar. Já "Malha Arrocha" é capaz de fazer um Bóris Cazoy rebolar tal qual um baiano da gema.

Mas o filé mesmo é a sexta faixa, "Sai da frente, rapaz". Com um solo de saxofone pra lá de suingado na abertura e uma letra minimalista na medida exata, a música teve a honra de ser incluída no repertórios do Aviões do Forró e olhe que eles não tocam nada que não seja sucesso popular, independente o gênero. Os Aviões costumam atuar como um carimbo de autenticação de um versadeiro sucesso. Depois eles ainda incluiram outras musicas do Bonde do Maluco em seu repertório, o que só faz comprovar o êxito dos baianos.

Com apenas dois anos de carreira, eles já estão com quatro discos lançados, sendo que um deles foi gravado ao vivo em Aracaju e posteriormente laçado como DVD oficial. Segundo Dan Ventura os discos venderam feito água e não fosse a pirataria, já estariam na casa dos milhões. Segundo Timpin, não fosse a pirataria eles ainda estariam animando serestas furrebas na periferia de Salvador. Mas não polemizemos, os caras são muito gente fina.